Deus caminha com o seu Povo, porque é um Deus compassivo e cheio de bondade, que escuta o grito e o clamor do seu povo. Deus confia pacientemente naqueles que escutam e guardam a sua palavra, e com sentido de urgência cuidam dos mais vulneráveis, ainda que nem sempre conscientes de que acolhem o próprio Cristo (cf. Mateus, 25). Nem sempre conscientes de que hospedam anjos. (Cf. Carta aos Hebreus 13, 2)
Assim também os migrantes e refugiados nem sempre estão cientes da dimensão profética da sua deslocação pelo mundo. No seu êxodo acusam governos e governantes que não servem nem defendem o bem comum, nem promovem o verdadeiro desenvolvimento integral dos países e dos povos, denunciam as insuficiências da cooperação internacional. Denunciam as violências impostas por guerras absurdas e bárbaros terroristas, a inviabilidade da vida provocada pelas alterações climáticas.
A Igreja escuta as necessidades do povo que acolhe e as necessidades do povo que é acolhido, e à luz da Palavra de Deus, ao jeito de Jesus compassivo e misericordioso, prepara o Reino dos Céus.
Escutar o grito dos mais vulneráveis da mobilidade humana, é acreditar que mesmo na sua fragilidade podem ser protagonistas das soluções. A debilidade não anula a liberdade de sonhar, projetar e construir o futuro, tão próprio da essência humana. Aprender a escutar com esta amplitude e certeza de que somos companheiros de percurso, é transformador. E conduz nos à inclusão. Capacita-nos enquanto Igreja a construir com todos, sem deixar ninguém para trás, propósito reafirmado neste sínodo que estamos a viver.
A sinodalidade é constitutiva da nossa identidade eclesial ensina-nos a enfrentar as dificuldades e ultrapassar obstáculos internos e externos à vida em comunidade, visa transformar estruturas internas e iluminar as estruturas sociais que a todos nos envolve, tem no horizonte uma conversão do olhar e de atitudes. Baseia-se numa escuta ativa, que conduz ao diálogo e ensina a lidar com diversidade; a sinodalidade guiada pelo Espirito orienta-se por uma autoridade que advém da Verdade e da Vida, percorrendo o Caminho da Misericórdia, que reclama Justiça e Paz, para todo o ser humano, para todos os povos.
A autoridade da Igreja está ao serviço da comunhão, do diálogo tantas vezes difícil, da construção de pontes, da defesa e do cuidado da dignidade humana, da promoção do bem comum, da responsabilidade partilhada, da solidariedade e da fraternidade. A Igreja caminha com o povo que sofre, excluído, marginalizado. A Igreja caminha com o povo que cuida ao jeito do bom samaritano. A Igreja caminha com mártires e missionários, força e presença de Deus.
A Igreja caminha com o povo que sofre, excluído, marginalizado. A Igreja caminha com o Povo de coração transviado, A Igreja caminha com o povo que cuida ao jeito do bom samaritano. A Igreja caminha com mártires e missionários, força e presença de Deus, testemunho de uma fé ardente, que dá sentido à vida.
Deus caminha com o seu povo peregrino de esperança num futuro diferente, que se oriente por sinais de humanidade, rumo a um novo pentecostes.